Houve um tempo em que os cães reinavam quase absolutos como pets nos lares brasileiros. Nos últimos anos, porém, a adoção de gatos passou a ganhar cada vez mais força no país.
De acordo com a Dra. Juliana Damasceno, doutora em psicobiologia e fundadora da WellFellis Comportamento e Bem-Estar Felino, essa é uma tendência mundial que se justifica, em parte, pela recente desmistificação dos gatos.
“Nós tivemos um período muito grande de perseguição cultural aos gatos no qual eles foram imbuídos de misticismos e de preconceitos”, lamenta a especialista.
Felizmente, conforme mais pessoas vão conhecendo os bichanos pelo que realmente são, mais eles têm se firmado como opção de companhia. No entanto, é preciso cuidado para não se deixar levar por alguns mitos que ainda persistem a respeito deles.
Adaptação à vida moderna e independência
Um dos motivos para a crescente popularidade da adoção de gatos tem a ver com a crença de que eles se adaptariam melhor à rotina acelerada de muitas pessoas, sendo capazes de passar boa parte do tempo sozinhos, em espaço frequentemente limitado.
Além disso, é comum ouvir falar que os gatos exigem menos atenção e dão menos trabalho que os cães. Para a especialista em comportamento felino, esse tipo de afirmação é não apenas equivocada, como também muito prejudicial.
“Não é que o adotar o gato dê menos trabalho que um cão, o que ocorre é que o padrão de atividade deles tende a se adequar melhor à vida moderna por algumas características”, diz.
Nesse sentido, Juliana destaca que, como animais de hábitos crepusculares, os gatos costumam ser mais ativos no início da manhã e no fim da tarde, horário em que muitos tutores costumam estar em casa. Já no intervalo entre esses dois períodos, é provável que o pet aproveite para descansar.
Segundo Juliana, o risco de enfatizar a suposta independência e “praticidade” dos bichanos é que, com isso, muitas das necessidades da espécie acabam sendo negligenciadas. “As pessoas muitas vezes acham que é só colocar uma caixinha de areia, água e comida num cantinho da lavanderia que o gato vai viver muito bem, obrigada. E não, eles precisam de cuidados específicos, de uma rotina de atividade e de um ambiente adaptado para eles”.
Por isso, se você está em busca de gatos para adoção, certifique-se de que você poderá oferecer tudo que o bichano precisa para ter uma vida confortável, além de muito amor e carinho.
O que considerar antes da adoção de um bichano
Conhecer as necessidades dos felinos e entender que eles não são tão independentes assim é fundamental para uma posse responsável. Antes que você adote um gatinho, portanto, não deixe de considerar as seguintes questões:
1- Adaptação do ambiente
Conforme explica Juliana, é verdade que os gatos podem se adaptar bem a espaços pequenos. Mas para isso é importante garantir uma quantidade de recursos adequada, lembrando que estes devem estar dispersos no ambiente.
Entre os recursos imprescindíveis para receber um gato adotado na sua casa estão: caixa de areia espaçosa, bebedouro (do tipo fonte e tradicional), comedouro (do tipo brinquedo e tradicional), arranhadores, tocas e brinquedos que simulem uma presa ou opções interativas que estimulem comportamentos de caça.
A verticalização do ambiente, com a ajuda de prateleiras, também é importante, uma vez que, por serem grandes caçadores e territorialistas, esses pets gostam de ter um controle maior do ambiente.
Lembrando que também é fundamental gatificar a casa ou apartamento, colocando redes de proteção nas janelas, entre outras adaptações a fim de evitar a fuga do pet.
2- Disponibilidade financeira
Outro mito muito frequente em relação aos cuidados com os gatos é o de que eles acarretariam menos despesas que um cão, uma vez que não precisariam de banhos ou de muitos cuidados veterinários.
Embora a afirmação seja parcialmente verdadeira em relação aos banhos — pois há situações em que os gatos também precisam tomar banho —, é falso que os bichanos não precisam de check-ups veterinários regulares.
Para além de medidas preventivas, como castração e vacinação, esse cuidado é essencial para acompanhar o estado de saúde do pet e identificar quaisquer alterações logo no início, melhorando o prognóstico.
3- Presença de outros animais na casa
Territorialistas, os gatos também são animais de hábitos solitários. Assim, ao contrário do que muitos pensam, a convivência de diversos gatos em um mesmo ambiente nem sempre é pacífica, desencadeando disputas explícitas, como as brigas, ou tensões silenciosas, como quando um pet passa a impedir o acesso de outro a certos recursos, como comedouro e bebedouro.
Ainda que os bichanos não cheguem às vias de fato, a tensão silenciosa prejudica a qualidade de vida dos pets. Nesse sentido, estudos sugerem que o estresse causado pela superpopulação pode contribuir para o surgimento de doenças crônicas, como alguns problemas renais.
Pensou a respeito e acredita que a adoção de gatos é realmente para você? Pois saiba que atualmente é possível dar início ao processo de adoção sem sair de casa, aqui na plataforma do Adote Petz. Que tal conhecer os bichanos esperando um novo lar em seu estado?